Português - 2º ano D

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O Poeta dos Escravos

Afirmar que nossa história transcorreu sem violência é uma total inverdade, pois todos nós sabemos o tratamento que foi dado aos nossos negros durante a escravidão. Correntes, tronco, gargalheira, algemas, palmatória, peia, máscara, ferro para marcas figuram em listas de castigos aplicados a escravos e foram classificados como instrumentos de suplício e aviltamento.

Antônio Frederico de Castro Alves, apesar de possuir gosto sofisticado para roupas e de levar uma vida relativamente confortável, foi capaz de compreender as dificuldades dos negros escravizados, pois vivia em um período em que persistiam os castigos físicos, psicológicos e a pena de morte para os escravos.

Castro Alves manifestou toda sua sensibilidade escrevendo versos de protesto contra a situação a que os negros eram submetidos e abraçou logo as idéias abolicionistas, com apenas 16 anos de idade.

Ainda nos primeiros anos da faculdade, começou a receber o reconhecimento público por sua poesia. Aos 21 anos, mostrou toda sua coragem ao recitar, durante uma comemoração cívica, o poema “Navio Negreiro”. A contragosto, os fazendeiros ouviram-no clamar versos que denunciavam os maus tratos aos quais os negros eram submetidos, e o poeta chegou a desafiar seus leitores a acompanhá-lo em uma visita à senzala, comovendo corações e despertando consciência numa sociedade hipócrita e burguesa.
A poesia, que até então expressava o sentimentalismo excessivo, torna-se, com Castro Alves, o instrumento de uma causa social. Por esse motivo, o projeto literário da terceira geração romântica é denunciar as injustiças sociais.

Um dos poemas que representa o desejo de liberdade dos escravos e as considerações de Castro Alves com relação aos mesmos é o Vozes d’África:

Vozes d'África

Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...
Qual Prometeu tu me amarraste um dia
Do deserto na rubra penedia
-Infinito: galé! ...
Por abutre - me deste o sol candente,
E a terra de Suez - foi a corrente
Que me ligaste ao pé...
O cavalo estafado do Beduíno
Sob a vergasta tomba ressupino
E morre no areal
Minha garupa sangra, a dor poreja,
Quando o chicote do simoun dardeja
O teu braço eternal.
Minhas irmãs são belas, são ditosas...
Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas
Dos haréns do Sultão,...

(Trecho retirado do livro – Os Escravos – pág. 201e 202).


Grupo: Lorena, Flávia, Caroline, Eduardo, Ana Paula.

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