Português - 2º ano B

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Castro Alves

Nascido na Bahia, Castro Alves, apesar de ter uma vida confortável, preocupava-se com a vida que os negros escravizados levavam. Manifestou sua sensibilidade escrevendo vários poemas. Por causa de seu estilo contestador, ficou conhecido como “Poeta dos escravos”. Apesar de viver pouco, como maioria dos poetas românticos, Castro Alves teve grande influência no movimento abolicionista. Em suas obras, atribuiu ao poeta a missão de denunciar as injustiças sociais e clamar pela liberdade.

Os escravos vinham para o Brasil em navios negreiros. Vindos da África, a custo de guerras propositalmente engendradas, essas pessoas foram seqüestradas de suas aldeias de origem no interior do continente africano e levadas ao litoral. Só nesse trajeto, metade iria morrer, tantos eram os maus tratos e tão pouco valor era dado àquelas vidas humanas.

Foi possível confirmar a preocupação de Castro Alves para com os escravos, quando vimos vários objetos usados para castigar os negros, que, quando fugiam, estavam tentando exercer o direito da liberdade. Entre esses objetos, destacam-se o grilhão, espécie de corrente que era usada para manter o escravo no lugar contra sua vontade e o libambo, que era usado para prender as pessoas coletivamente. Outras formas de tortura era o “Castigo da água”, que deixava o escravo sem água por certo período de tempo ou até mesmo o de “Aviltamento”, que consistia em manter o escravo preso e proibi-lo até mesmo de ir ao banheiro.

Há muitas obras de Castro Alves que demonstram sua revolta contra o sistema escravista que era implantado no Brasil. Destacamos o poema “A mãe do cativo”, um dos mais belos de sua obra:

A mãe do cativo

Ó mãe do cativo! que alegre balanças
A rede que ataste nos galhos da selva!
Melhor tu farias se à pobre criança
Cavasses a cova por baixo da relva.
Ó mãe do cativo! que fias à noite
As roupas do filho na choça da palha!
Melhor tu farias se ao pobre pequeno
Tecesses o pano da branca mortalha.
Misérrima! E ensinas ao triste menino
Que existem virtudes e crimes no mundo
E ensinas ao filho que seja brioso,
Que evite dos vícios o abismo profundo ...
E louca, sacodes nesta alma, inda em trevas,
O raio da espr'ança... Cruel ironia!
E ao pássaro mandas voar no infinito,
Enquanto que o prende cadeia sombria! ...
II
Ó Mãe! não despertes est'alma que dorme,
Com o verbo sublime do Mártir da Cruz!
O pobre que rola no abismo sem termo
Pra qu'há de sondá-lo... Que morra sem luz.
Não vês no futuro seu negro fadário,
Ó cega divina que cegas de amor?!
Ensina a teu filho — desonra, misérias,
A vida nos crimes — a morte na dor.
Que seja covarde... que marche encurvado...
Que de homem se torne sombrio reptíl.
Nem core de pejo, nem trema de raiva
Se a face lhe cortam com o látego vil.
Arranca-o do leito... seu corpo habitue-se
Ao frio das noites, aos raios do sol.
Na vida — só cabe-lhe a tanga rasgada!
Na morte — só cabe-lhe o roto lençol.
Ensina-o que morda... mas pérfido oculte-se
Bem como a serpente por baixo da chã
Que impávido veja seus pais desonrados,
Que veja sorrindo mancharem-lhe a irmã.
Ensina-lhe as dores de um fero trabalho...
Trabalho que pagam com pútrido pão.
Depois que os amigos açoite no tronco...
Depois que adormeça co'o sono de um cão.
Criança — não trema dos transes de um mártir!
Mancebo — não sonhe delírios de amor!
Marido — que a esposa conduza sorrindo
Ao leito devasso do próprio senhor! ...
São estes os cantos que deves na terra
Ao mísero escravo somente ensinar.
Ó Mãe que balanças a rede selvagem
Que ataste nos troncos do vasto palmar.
III
Ó Mãe do cativo, que fias à noite
À luz da candeia na choça de palha!
Embala teu filho com essas cantigas...
Ou tece-lhe o pano da branca mortalha.

Assim, ao sabermos da realidade apresentada pelos poemas de Castro Alves, percebemos que os negros eram tratados como mercadorias e não como seres humanos, eles não possuíam direito à liberdade, a boas condições de vida, etc. Castro Alves consegue, em seu poema, demonstrar com clareza toda dor e sofrimento por que o cativos passavam.

Grupo: Priscila, Raizza, Sheila, Luna, Tyssa, Bárbara.

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