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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O Visionário e Protetor dos escravos

A escravidão representa uma mancha na história de nosso país, tanto que o ministro Rui Barbosa ordenou que todos os documentos que remetessem a tal período fossem extintos. A visão anti-escravocrata é fenômeno moderno, datado do fim do século XIX, e capitaneado por grandes nomes da história brasileira, um deles, sem dúvida, é Antônio de Castro Alves.
É insensato mencionar a bandeira da luta contra a escravidão, sem fazer referência ao poeta que dedicou sua vida e obra à questão das dificuldades e sofrimento dos escravos da época colonial. Castro Alves foi capaz de enxergar e compreender a situação desumana dos negros escravizados, apesar de possuir uma vida relativamente confortável, o que aumenta ainda mais o mérito do poeta, visto que poucas pessoas da época tinham a mesma visão contrária à escravidão e principalmente eram corajosas o suficiente para enfrentar toda a sociedade para demonstrá-la.
O poeta foi o maior representante da geração condoreira do Romantismo, que apresentava um viés social. A maioria dos escritores de então trataram o tema da escravidão apenas como sentimento humanitário, já que o negro escravizado, misturado à vida cotidiana e em posição de inferioridade, não podia ser elevado a objeto estético. Apenas Castro Alves reconhece os negros como heróis, e principalmente como humanos, dedicando-lhes lugar de destaque em sua obra, redimindo-os por meio da poesia. A dialética de sua poesia revela menos a visão do escravo como realidade presente do que como episódio de um drama amplo e abstrato: o do próprio destino humano, vítima dos desatinos da história. Dessa forma, sua obra assumiu suma importância em seu tempo para abrir os olhos e o coração da sociedade e para difundir os ideais abolicionistas. O poema mais conhecido de Castro Alves é o famoso “Navio Negreiro”, no qual a viagem de transporte dos escravos é narrada. Porém, a obra mais descritiva e direta em relação ao sofrimento do escravo, seu desejo de liberdade e, concomitantemente, a saudade de sua terra natal, é o poema “A canção do africano”. Neste, o poeta narra o desgosto de uma mãe escrava ao testemunhar o pesar de seu semelhante, que canta saudades de uma terra que está muito distante.

“Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão ...
De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez pra não o escutar!

Minha terra é lá bem longe,
Das bandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem!”


Nossa visão a respeito da vida dos escravos é muito restrita, pois vivemos em um tempo em que a escravidão como forma de trabalho é inconcebível. No museu da escravidão em Sabará tem-se contato com as míseras condições de vida dos negros no período colonial. O local de moradia e trabalho era absolutamente insalubre, o que resultava em uma diminuição considerável da expectativa de vida dos negros africanos, fazendo com que os próprios escravos contratassem outros para fazer os trabalhos domésticos. Contudo, o mais assustador é ter conhecimento da maneira como eram castigados, humilhados e torturados por quererem seu bem supremo: a liberdade.
Os erros cometidos no passado devem servir de exemplo para gerações futuras. A percepção da igualdade entre os seres humanos como princípio básico nunca deve ser esquecida, para que assim a mancha da escravidão na história brasileira tenha caráter didático, de como não se deve fazer um país e de como devemos valorizar aqueles cujas lágrimas, sangue e suor foram derramados para sermos quem somos hoje.

Grupo: Bárbara Cecília, Bruna Costa, Elisandra Assis, Jéssica Silva, Lucas Guilherme.

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